Quantos são?
A equipa de Juniores do Gil Vicente foi suspensa pela Federação de Futebol, e, seguindo o raciocínio (?) do presidente do clube, o sr. Fiúza, tudo leva a crer que neste momento os jovens estejam de volta aos «caminhos da droga», de onde ele, generosamente, os «tirou». A equipa Sénior, por seu lado, esteve este fim-de-semana de visita ao Jardim Zoológico da capital, a fim de «conhecer os animais de Lisboa» (mais uma vez cito o sr. Fiúza).
A verdade é que, no meio deste delírio, o presidente da agremiação de Barcelos, aconselhado por um departamento jurídico que lhe prometeu a glória, conseguiu lançar mais confusão na discussão à volta do «caso Mateus». A generalidade da comunicação social deu por adquirido (1) que a decisão Tribunal Administrativo de Lisboa veio «dar razão ao Gil Vicente» e (2) que há contradições entre os regulamentos desportivos e a legislação nacional. Em primeiro lugar, o Tribunal Administrativo limitou-se a suspender a execução das decisões da Liga e da Federação, até uma apreciação definitiva do caso ouvidas as partes interessadas. Em segundo lugar, não há qualquer contradição entre «a justiça desportiva» e a legislação aprovada pela Assembleia da República. Pelo contrário. A Lei de Bases do Desporto é clara: «Não são susceptíveis de recurso fora das instâncias competentes na ordem desportiva as decisões e deliberações sobre questões estritamente desportivas. São questões estritamente desportivas aquelas que tenham por fundamento normas de natureza técnica ou de carácter disciplinar, nomeadamente as infracções disciplinares cometidas no decurso da competição, enquanto questões de facto e de direito emergentes da aplicação das Leis do Jogo, dos regulamentos e das regras de organização das respectivas provas» (Artigo 47º). Perante isto, a Liga, entidade a quem foi conferida autoridade administrativa, tinha toda a legitimidade para executar a decisão aprovada por unanimidade no Conselho de Justiça da Federação, invocando o interesse público. Foi o que fez, por exemplo, o Ministério da Saúde, quando confrontado com providências cautelares a propósito do encerramento das maternidades. Mas pedir ao major Valentim Loureiro que não invente é pedir demais. Este é o homem que, contra todas as evidências, assegurava que João Pinto não agredira o árbitro, no Portugal-Coreia do Mundial de 2002.