terça-feira, 10 de outubro de 2006

O governo, empresário moderno?

O governo tomou um conjunto de medidas justas reequilibrando a relação entre os funcionários públicos e os restantes cidadãos, por exemplo na questão das condições de acesso a pensão de reforma. Ao mesmo tempo, por razões de rigor orçamental necessitou de tomar um conjunto de medidas gravosas para o normal desenvolvimento da sua vida profissional, como o congelamento das carreiras. E, ainda, por absoluta necessidade reformista, iniciou o processo de revisão dessas carreiras.
Todas estas medidas eram necessárias, dispensável era apenas a assimilação entre estas três linhas de acção e o suposto combate aos privilegiados, que evidentemente residem maioritariamente noutras paragens.
O Estado presta um conjunto de seviços públicos essenciais, da saúde à educação, da justiça à segurança dos cidadãos. Nessa função, o governo é patrão dos prestadores de serviços e não apenas regulador do interesse geral. Nessa função, é uma empresa organizada para produzir resultados e tem nos seus recursos humanos um dos seus mais valiosos, talvez o seu mais valioso recurso. Nessa função, é a maior empresa portuguesa e deve agir pelo menos como gostaria que a generalidade das entidades patronais o fizessem em relação aos seus funcionários.
Um empresário moderno valoriza permanentemente o contributo dos seus colaboradores, desenvolve modos de participação destes nas decisões, está sempre à procura de novas formas de os valorizar profissionalmente criando também valor para a empresa, procura, dentro das condições deque a empresa dispôe, melhorar o seu conforto e bem-estar, quer dar-lhes as melhores condições de trabalho possíveis, cria e aplica estímulos ao desempenho, promove o "espírito da empresa", procura ter consigo os melhores, tem consciência de que os resultados da empresa dependem também da motivação dos colaboradores.
Sou eu que não leio o suficiente, é a imprensa que não apanha este discurso ou ele tem sido feito escassa e timidamente?