Paulo Portas e as fábricas de ilegalidade
Na sua peregrinação pelas concelhias do PP, Paulo Portas voltou aos seus temas de sempre. Ontem foi a vez da imigração. Se estiver a ser sincero Portas é ingénuo quanto à regulação das fronteiras. Julga que diminui o contingente de imigrantes por condicionar a legalização à existência prévia de contratos de trabalho. Mas a esmagadora maioria dos imigrantes ilegais, incluindo provavelmente todos os dos novos Estados-membros da UE, entram em Portugal legalmente e só depois, para ficarem, entram na clandestinidade.
Com os mecanismos que Portas defende um estrangeiro que encontre trabalho em Portugal ou fica condenado à ilegalidade com todas a suas consequências ou volta a saír, atravessa a Europa e volta munido dos papéis. Se fosse rico não teria vindo. Que podemos racionalmente esperar que opte por fazer?
Ao contrário do que diz, facilitar o acesso ao trabalho nada tem que ver com controlo de fronteiras, apenas dificulta o funcionamento das fábricas de ilegalidade. O efeito das políticas que defende não é o fecho das fronteiras mas a abertura à propagação de clandestinos.
Se Paulo Portas acredita que deve ir por este caminho, não devem faltar muitas concelhias para se atirar ao Rendimento Social de Inserção que nem o Ministro que ele indicou esteve disponível para abater sumariamente.