Lido no Público
Francisco Teixeira da Mota, sobre a condenação à morte de Saddam Hussein:
"A possibilidade de não condenação à morte de Saddam Hussein era praticamente nula num julgamento que, embora procurando respeitar formalmente os rituais tradicionais, se destinava, essencialmente, a, de forma simbólica e definitiva, pôr termo ao seu poder. (...)
Saddam Hussein deveria ter sido julgado por um tribunal internacional, independente e imparcial, tendo em conta o facto de estarem em causa crimes contra a humanidade bem como a forma como foi deposto e obrigado a responder pelos seus crimes.
Mas, face a esta sentença, para além de entender que uma eventual morte nada acrescentará de positivo a todas as anteriores e de deplorar que a mesma tenha sido proferida de forma tão ajustada ao calendário eleitoral norte-americano, não posso, sobretudo, deixar de lamentar que a mesma já seja tão irrelevante face à situação que se vive no Iraque..."
A defesa dos direitos humanos não é um exercício a reservar para quando estão em causa pessoas e situações que nos são simpáticas. É quando exigimos a sua aplicação àqueles que temos todas as razões para detestar que triunfamos sobre a arbitrariedade.