Má táctica
1. Estava a ouvir o debate na SIC Notícias entre Paula Teixeira Pinto e Odete Santos. Já no final, o moderador introduz o tema do aborto. Paula Teixeira Pinto defende o “sim”, como se sabe, e explica com clareza porquê. Em tempo de campanha para o referendo Odete Santos aplaude e aproveita para juntar a sua voz à da opositora? Não, tenta a todo o custo encontrar divergências e deslocar o debate para o da oposição entre as posições dos partidos em que cada uma milita.
Mas será que ela quer mesmo ganhar o referendo?
2. Do outro lado da fronteira é o PP espanhol quem tenta utilizar o combate ao terrorismo da ETA como tema de oposição ao Governo do PSOE. É verdade que a ETA é, como disse João Teixeira Lopes na sua última crónica no Público, “um bando de facínoras fundamentalistas, em quem não se pode confiar”, um bando que se baseia, “quase exclusivamente, num racismo étnico”. Ou, para referir Amin Maalouf, é um promotor de “identidades assassinas”. Mas isso não invalida, como também refere Teixeira Lopes, o valor da iniciativa de reconciliação em que Zapatero se tinha empenhado. Cobrar agora de Zapatero responsabilidades pela resposta da ETA, como o tenta fazer o PP, acaba por desvalorizar a responsabilidade daquela organização no atentado de Barajas.
É o discurso dos “princípios”, transformados em dogma, contra a procura de soluções reais para os problemas reais das pessoas comuns.