Os maiores do valor acrescentado
Não dei até agora grande atenção ao concurso nacional de figuras históricas que decorre na RTP.
A iniciativa original da BBC que atravessa a Europa passou pela Roménia há uns meses quando lá trabalhava e acabou por colocar nos dez mais votados o rei Carol que abriu o país aos nazis (em 2º lugar) e o marechal Antonescu, o ditador que com eles o governou durante grande parte da II Guerra Mundial. O próprio Ceausescu acabou em 11º. Os três suplantaram qualquer político vivo.
Na edição alemã do "concurso" Hitler foi preventivamente excluido da lista. Por cá, a "vitória" ds protagonistas políticos dos pensamentos autoritários sobre os rostos da democracia repetiu-se.
É certo que a representatividade das "eleições" através de chamadas de valor acrescentado e similares é nula. Claro que pode dizer-se que as franjas ultraminoritárias estão mais dispostas a mobilizar-se para estes eurofestivais.
Contudo, a facilidade com que as estrelas do autoritarismo ascendem ao firmamento da democracia electrónica pode ser um sinal de pouco peso mas é fraco indício da solidez das convicções democráticas e da consciência histórica de que o autoritarismo é o pai das grandes tragédias que o século XX deu ao mundo. De repente, comecei a preocupar-me com o significado de tal sinal.