quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

… também não se afogam!

1. O projecto de construção de uma barragem no Sabor suscitou protestos generalizados entre os sectores ambientalistas. Com alguma razão, pois implica a mutilação de uma área de paisagem que começa a ser rara nos dias de hoje, sobretudo na Europa. Prejudicando, inclusive, o eventual desenvolvimento de um turismo de qualidade na região transmontana (o qual, aliás, poderia ser incrementado com a exploração melhorada da vizinha linha do Tua).

2. Com mais razão ainda porque há alternativas. A mais óbvia das quais, até pelos custos reduzidos que implica, será o relançamento da suspensa barragem de Foz Côa. Se tive alguma dificuldade em compreender completamente a decisão de suspensão definitiva da barragem em 95, agora, com novas escolhas a fazer, não o compreendo de todo. As gravuras podem ser fotografadas, parcialmente movidas e estudadas com a suspensão temporária da entrada em funcionamento da barragem. E se o contexto é importante, essa suspensão pode (ou podia…) ser aproveitada para recriar virtualmente a zona em causa.

3. Por mais importantes que as gravuras possam ser, elas são parte de um passado cuja memória pode ser preservada sem comprometer o relançamento da barragem, aproveitando a pausa havida (ou mesmo o seu prolongamento com data marcada). Pelo contrário, a construção de uma barragem no Sabor comprometeria o presente e o futuro. Manter teimosamente desaproveitado o investimento na barragem de Foz Côa significaria trocar o presente e o futuro pelo passado, com argumentos fundamentalistas (o dito contexto…).

4. As gravuras não sabem nadar? Pois não, porque não são gente.
E, portanto, também não se afogam!