Unidose … de racionalidade e de poupança!
De acordo com o Público de hoje, o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) terá inventariado argumentos contra a adopção das unidoses de medicamentos, uma medida destinada a evitar o desperdício.
Nem é novo, nem é estranho que os dirigentes patronais dum sector tentem defender o que julgam ser os interesses dos empresários que os elegeram. Para lembrar apenas um exemplo dum sector próximo, recorde-se a violenta propaganda feita contra o PS e sua direcção da época pela Associação Nacional das Farmácias (ANF) em plena campanha eleitoral, a pretexto duma outra medida destinada a racionalizar a venda de medicamentos.
Mas que, no actual contexto orçamental, quando se discute como fazer face aos custos crescentes da saúde, se venha dizer, contra a venda de medicamentos em dose individual, que o é preciso fazer é “rentabilizar os recursos, não poupar”, ultrapassa os limites do desrespeito pela inteligência de quem lê tais coisas.
É que nem os que, como eu, estão nas antípodas do fundamentalismo da redução da despesa pública para permitir a redução fiscal engolem destas.
Venha, pois, a unidose dos medicamentos. E, já agora, também a do respeito pelos interlocutores, para que possa ser tomada, com racionalidade e sem desperdício, por todos os necessitados.