O take-over dos partidos de direita
Em Portugal a sociedade civil tende a ser secundária e com pouca autonomia, muito dependente, nuns casos do Estado, noutros dos poderes políticos. Daí que, frequentemente, quando as organizações sociais assumem protagonismo sofram pressões dos partidos. O caso do movimento sindical português é bom exemplo disso mesmo, para ficarmos nos “velhos” movimentos sociais. A campanha para o referendo teve por isso um aspecto distintivo, muito claro no campo do não: um take-over dos partidos pelos movimentos sociais. As cores na sede de campanha do CDS ontem, a gravata de Ribeiro e Castro, mas, acima de tudo, o modo como o PSD foi evoluindo de uma posição híbrida para um não assumido, entregando de facto a gestão dos instrumentos de campanha à plataforma “não obrigado”, são exemplos bem reveladores da baixa autonomia dos partidos de direita neste referendo (e.g. os direitos de antena do PSD com João Paulo Malta e Gentil Martins). Nenhum partido abdica da gestão destes instrumentos de ânimo leve e ainda não vi nenhuma explicação convincente para que o PSD o tenha feito. Continuo muito intrigado com a autoria e gestão da campanha do não.