Corporativismos
Fala-se hoje muito de corporações e de práticas corporativistas. Nem sempre, no entanto, usando os nomes para designar a coisa certa.
1. Infelizmente, não é fácil definir de modo simultaneamente claro, simples e acessível o que é “corporativismo”. É mais fácil exemplificar. Por exemplo, se alguém se queixa da actuação concreta de um médico concreto e tem como resposta “os médicos são profissionais de elevada qualificação, competentes e sérios”, encontrou o corporativismo. Neste caso, manifestando-se na defesa do colectivo não mencionado na queixa (os médicos) através da recusa da responsabilização de um membro específico desse colectivo. O cerrar de fileiras do colectivo quando um dos seus membros é posto em causa constitui sintoma típico do agir corporativo.
2. Mais fácil ainda é reconhecer o corporativismo em acção. Como quando Helena Matos, no Público de 27 de Março (de 2007), responde a mudanças no Estatuto dos Jornalistas, justificadas pela necessidade de limitar a confusão entre jornalismo e “jornalismo de sarjeta”, afirmando, em contraponto à justificação, “eu prefiro mil vezes os jornalistas de sarjeta aos qualificados queixinhas” (isto é, aos jornalistas que se queixam do tal “jornalismo de sarjeta”). Prefere, portanto, um estatuto que não distinga e auto-regule, pois fundamental é cerrar fileiras em defesa da profissão. Assim transformada em corporação.