quarta-feira, 18 de abril de 2007

Quanto pior melhor?

Não consigo entender as razões do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o bispo Jorge Ortiga, quando contesta a “colaboração activa do Estado” com o aborto. Que conteste a chamada lei do aborto é compreensível (e totalmente legítimo), cabendo a cada um avaliar essa contestação. Agora, que entenda a “colaboração activa do Estado”, leia-se, a gratuitidade do aborto em clínica pública, como agravante dos malefícios da lei é que deve obedecer a razões que me escapam: por que razão seria melhor uma lei que protegesse dos problemas associados à prática do aborto apenas quem tivesse dinheiro para pagar uma clínica?
A não ser que se entenda ser preferível a desigualdade em relação ao risco do aborto do que a legitimação estatal da prática regulada do mesmo. Esta eventual preferência por uma política de “quanto pior melhor” não parece, porém, muito humanista…