quarta-feira, 2 de abril de 2008

Entre Hillary e Obama… talvez Gore

1. O DN de hoje noticia que “Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes […, em] entrevista à ABC […,] sublinhou ser necessário o partido unir-se atrás de um candidato se quer reconquistar a Casa Branca.” A preocupação de Pelosi é compreensível. Com a situação de quase empate entre Hillary e Obama e o extremar da oposição entre ambos, é McCain quem mais ganha, correndo-se o risco, impensável antes de a campanha começar, de os republicanos se manterem na presidência do EUA.
Neste cenário, sombrio para os EUA e para o mundo, sonho sempre com a possibilidade, improvável, eu sei, de os democratas se voltarem para Gore. Porque com Gore ganharia o mundo.

2. Para perceber o que está verdadeiramente em jogo consulte O Ataque à Razão e prepare-se para um calafrio ao ler o que o ex-vice presidente escreve sobre o governo de Bush. Bem como para do calafrio passar à esperança ao tomar contacto com um discurso político raro entre os líderes políticos contemporâneos que nos faz sentir vontade de ver Gore à frente dos EUA.

Citando: “Porque é que a razão, a lógica e a verdade parecem ter um papel tão manifestamente reduzido na forma como a América actualmente toma decisões importantes? [p. 11] Porque é que o discurso público na América se tornou menos incisivo e menos claro, menos racional? A crença no poder da razão — a convicção de que cidadãos livres se conseguem governar de forma sensata e justa recorrendo ao debate lógico com base na melhor informação disponível, e não ao poder puro e simples — era e continua a sere a premissa fundamental da democracia americana. Essa premissa está agora a ser posta em causa. [p. 12] …a democracia americana corre perigo neste momento — não devido a um conjunto de ideias qualquer, mas sim devido a mudanças sem precedentes no ambiente em que as ideias ou vivem e se difundem, ou estiolam e morrem. Não me refiro ao ambiente físico; refiro-me àquilo que se denomina esfera pública, ou mercado das ideias. [p. 13] …temos de tomar a decisão de inverter o processo de declínio sistemático do debate público. Temos de criar novas maneiras de participar num diálogo sobre o nosso futuro… [p. 21]”