sábado, 12 de abril de 2008

À volta do expresso

1. Luís Pais Antunes sustentou, no Expresso da Meia-noite, na Sic Notícias, que boa parte da precariedade laboral em Portugal não tinha origem na lei mas na sua falta de efectividade, e o correspondente desenvolvimento da informalidade laboral. Pergunta: estará Pais Antunes disponível para apoiar a criação de uma ASAE do mercado de trabalho? Pergunta aliás extensiva a todos quanto avaliam como globalmente positiva a acção da ASAE visando incrementar a efectividade da lei noutros planos.

2. Surpreendente foi a declaração de ruptura radical com o legado marxista proferida, em directo, por Francisco Louçã, quando afirmou, peremptório e indignado, que “não há mercado de trabalho”, pois o trabalho não é uma mercadoria: quanto muito, prosseguiu Louça, existirá uma “economia do trabalho” (!). Pode não se gostar ou concordar, mas a verdade é que Marx caracterizou o capitalismo como um sistema em que a mercadorização tendia a generalizar-se, nomeadamente ao transformar o trabalho (ou, em rigor marxista, a força de trabalho) em mercadoria, criando-se, desta forma, um novo mercado: o de trabalho. E, neste campo, a análise de Marx mantém muita da sua pertinência, sendo fundamental tê-la bem presente para se entender o que está em causa quando se discutem questões como a da extensão do estado-providência ou a dos limites morais dos mercados.
Enfim, inconsistências que são o preço dos que, como Louçã, usam e abusam do moralismo em política. Demagogicamente…