Qual é a raça daquele político austríaco que governa a Califórnia?
Este 10 de Junho acordou cheio de gaffes à direita e à esquerda.
Cavaco Silva nunca teve o seu ponto forte em desviar a conversa dos jornalistas de respostas que não quer dar para outras questões. Em tempos, mastigou uma fatia de bolo-rei agora tentou repetir de diferentes formas que o 10 de Junho não é o dia nacional do camionista e à terceira ou quarta repetição o inconsciente traíu-o e saiu-lhe o "dia da raça, de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas". O nosso presidente, evidentemente, não é racista e tratou-se de uma mera gaffe. Esta, no entanto, tem gravidade porque a extrema-direita faz do 10 de Junho o dia do racismo e essa comemoração já produziu vítimas mortais. Se Cavaco tivesse querido piscar o olho à extrema-direita teria sido uma declaração de grande profissionalismo, mas de certeza absoluta que não era essa a intenção.
A esquerda respondeu rapidamente e o Bloco de Esquerda, que tem grandes méritos no comabte ao racismo, essencialmente por força da herança da actividade anti-racista dos activistas do PSR, foi rápido na reacção. Mas também caíu na gaffe. Fernando Rosas, para sustentar a inexistência da raça portuguesa, referiu aquele "brasileiro que joga na selecção". Ora, na selecção não joga nenhum brasileiro, embora joguem cidadãos portugueses nascidos em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. A crítica não foi menos gaffeuse que a frase criticada.
Alguém que acreditasse que quer Cavaco Silva quer Fernando Rosas pretendiam dizer o que disseram, perguntar-se-ia qual é a raça daquele político austríaco que governa a Califórnia.