O teste da sopa
Segundo Vasco Pulido Valente (VPV), no Público de hoje, as actividades extracurriculares são actividades “que ninguém pediu e de que ninguém gosta”.
1. Admitamos que VPV tem razão no facto. Isso não significa, porém, que tenha razão no argumento. A não ser que VPV entenda, feito a melhor das melhores caricaturas dos filhos de Rousseau, que os meninos não têm que comer a sopa se não a pediram e se dela não gostarem. Ou que, em alternativa, melhor do que as melhores caricaturas dos pensadores neoliberais, VPV entenda que os cidadãos não devem pagar impostos dado que não o pediram e que não gostam de o fazer. Ou que…
2. Mas talvez seja útil começar por questionar o direito de VPV falar em nome de todos sem que se saiba qual a base de tal direito. Será que, como num célebre conto de ficção científica de Azimov, VPV é o eleitor-tipo sobre quem recai a responsabilidade da escolha dos eleitos em nome de todo o povo? Ou será que, mais prosaicamente, falar em nome de todos não passa de simples retórica para dispensar a prova do que se afirma.