Os benefícios dos infractores (revisto)
Lá para trás, quando alguns juravam que havia armas de destruição maciça no Iraque, Durão Barroso hospedou a Cimeira das Lajes, ajudou a administração norte-americana a dividir a Europa em função da atitude quanto à intervenção do Iraque e inscreveu-se no grupo dos aliados europeus do par Bush-Cheney.
Conhecem-se os desenvolvimentos posteriores.
Aparentemente por vendetta pela decisão do governo espanhol sair do atoleiro iraquiano, um dos capítulos recentes da tragicomédia Bush, consiste na tentativa dum Presidente dos EUA, que está de saída e que representa muito do que de pior os EUA fizeram a si próprios e ao mundo, tentar afastar a Espanha, a oitava economia do mundo, da cimeira do G20, que se reunirá em Washington por iniciativa conjunta dos presidentes americano e francês.
De acordo com o DN, Durão Barroso foi ontem a Madrid selar um acordo: o Presidente da Comissão Europeia declara-se a favor da participação da Espanha na cimeira de Washington e o líder do governo espanhol declara-se favorável à recondução de Barroso para a liderança da Comissão Europeia.
Dito de outro modo, Barroso consegue o apoio formal à sua recandidatura dum dos poucos governos de esquerda da UE a troco duma declaração contrária a mais uma prepotência da administração americana.
Era difícil pior para a construção duma Europa que queira ser um actor estratégico no plano mundial: branqueiam-se as responsabilidades pela desgraça iraquina a troco duma declaração que não condena uma discriminação sem qualquer justificação aceitável.
Apesar das crises que, do Iraque à crise financeira e económica, a direita americana e europeia fabricaram, ... o reino da realpolitik vai de vento em popa.