A moral e a política
1. Segundo João Rodrigues: “A moral não é separável da política. Nem deve ser.” Khomeini não diria melhor.
2. Convinha que se soubesse distinguir entre a recusa da anulação da controvérsia moral pela economia e ou pela política, por um lado, e a transformação da crítica política em crítica moral, por outro. Nem é distinção tão sofisticada que custe tanto a entender. Como convinha que se tivesse já aprendido a não confundir a crítica democrática do capitalismo com a resistência aristocrática ao mercado. Ou, ainda, com a nostalgia romântica sobre o mundo não mercantil.
3. Em rigor, convinha não confundir a esquerda com um saco de gatos anticapitalistas, esquecendo que há uma crítica reaccionária do capitalismo que de esquerda nada tem. Porém, quando se cita Mário Crespo para criticar a “qualidade da nossa democracia e a credibilidade dos agentes políticos”, há muito que se esbateram as fronteiras entre esquerda e direita em favor de uma pragmática congregação de todas as oposições ao Governo do momento. E o resto é conversa para confundir quem quiser ser confundido.