Comentários que, está-se mesmo a ver, correm o risco de serem considerados ataques à liberdade de imprensa
1. José Manuel Fernandes confessa incapacidade de auto-regulação dos média
No suplemento de sábado do Público dedicado aos rankings, José Manuel Fernandes lamenta-se uma vez mais do fim do embargo dos dados sobre os resultados dos exames decidido pelo Ministério da Educação. Razão? Segundo o próprio, “desta forma […] tem-se assistido a uma corrida para ver quem divulga primeiro os rankings, o que impede a maioria dos órgãos de informação de tratar as bases de dados com tempo e ponderação.” Isto ao sábado, claro, pois nos outros dias da semana José Manuel Fernandes proclama como princípio absoluto a auto-regulação dos média, denunciado como repugnante toda a tentativa de regulação por entidades externas (sobretudo se estatais).
2. De como fazer jornalismo dispensando a factualidade
Citação do Expresso (última página do caderno principal): “Sem direito a foto de família (os contemplados com o bilhete de saída não devem estar com grande ânimo para o sorriso da praxe), o primeiro-ministro José Sócrates reuniu ontem todos os ministros do Governo cessante para um almoço reservado em Belém, na residência oficial do chefe do Governo.” No mesmo dia (sábado), o DN publicava não uma mas duas “fotos de família”, a primeira na capa, mais informal, a segunda no interior, em pose mais institucional. Facto irrelevante, pois a ser tido em conta não permitiria que quem escreveu a caixa do Expresso fizesse passar opinião por notícia e preconceito por interpretação.