Diamantes limpos
Informava a Science & Vie de Junho que, com novos métodos (DCV) de produção de diamantes artificiais, se conseguiam já obter pedras de elevada qualidade e dimensão a preços, em breve, da ordem dos €4 por carate. Note-se que o preço do carate do diamante natural começa, dependendo da qualidade, nos €4.500. Mais entusiasmante é a possibilidade de um maior controlo da estrutura dos diamante assim fabricados. Eventualmente, poderá vir a utilizar-se o diamante artificial como substituto do sílico na produção de circuitos integrados, com margens de progressão maiores na miniaturização porque mais resistentes ao calor resultante da progressiva densificação de circuitos. Esta utilização é apenas uma das muitas aplicações industriais que hoje dominam o uso dos diamantes. Mesmo os diamantes naturais se destinam, maioritariamente, a aplicações industriais: 20 toneladas em 26 extraídas todos os anos, às quais se somam mais 100 toneladas de diamantes artificiais.
Pena terem vindo tão tarde. Em África, sobretudo, o circuito dos diamantes é um circuito de sangue, ligado à história das guerras civis um pouco por todo o Continente, da Serra Leoa a Angola. Neste último país, diamantes e petróleo alimentaram os parceiros de uma guerra civil particularmente destrutiva. O petróleo, para o qual acabará também por se inventar um substituto artificial, mas também tarde, alimenta ainda hoje um dos regimes mais corruptos e ditatoriais do mundo, um regime que só não é objecto de uma crítica radical em Portugal devido aos efeitos de um racismo paternalista que desculpabiliza José Eduardo dos Santos.
Para uma história amarga dos diamantes de sangue, ver os comunicados e relatórios da Human Rights Watch em http://www.hrw.org/editorials/2000/ken-sl-july.htm