sábado, 9 de julho de 2005

Fala do homem nascido

[…]
Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
[…]

António Gedeão, Poesias Completas (1956-1967)
Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1987, p. 37