Cigano? Depende do ângulo
Os fundamentalistas da etnicidade pensam que os grupos étnicos têm fronteiras rígidas, a que se pertence ou não pertence, sem meio-termo e que são "naturais", isto é, que estão inscritas, no corpo, na pele, etc.
Não é assim, mas embora seja recorrente a observação, não deixou de me impressionar, ao ter contacto com o país, a "questão cigana", na Roménia.
Ali, há uma gigantesca diferença entre o número de ciganos, quando contado pelos que se definem assim a si próprios ou pelos que os outros definem como tal.
No essencial, essa diferença de números cobre as populações pobres e marginalizadas a que é cómodo chamar ciganas, porque fornece uma explicação para a sua pobreza, quando vistas "de fora" e incómodo chamar ciganas, porque torna mais fácil perpetuar a sua situação de pobreza e desemprego, quando vistas "de dentro".
Ou seja, ser ou não ser cigano, depende do ângulo de vista...Natural, não é?