Diabo do André!
André Freire afirma, em entrevista a essa referência da imprensa portuguesa que dá pelo nome de O Diabo (20/09/2005), que “o PS está a procurar controlar o aparelho de Estado e, no fundo, até [a] aniquilar o sistema de checks and balances.” Mas diz mal, pois uma coisa é criticar umas quantas nomeações do Governo eventualmente inaceitáveis, outra é vislumbrar nelas um quase golpe de estado partidário contra o sistema democrático! O que dizer então de decisões de sinal contrário, aliás bem ao jeito do centrão, como foram as nomeações de Carlos Tavares, para a CMVM, ou de Rui Marques, para o ACIME?
E não se fica por aqui o André. Entusiasmado, e dando conta de uma empatia quase mágica com Durão e Sócrates, afirma, qual Fátima Bonifácio, e a propósito dos aumentos do IVA, que os dois “tentaram ganhar as eleições a qualquer custo, mesmo que para tal fosse necessário inflacionar o volume das promessas.” Traduzindo: mentiram deliberadamente aos seus eleitores. E, uma vez mais, diz mal, pois uma coisa é criticar o incumprimento de promessas eleitorais, salientando as consequências que daí decorrem para a deslegitimação das instituições democráticas; ou ainda, e pelas mesmas razões, criticar eventuais ligeirezas com que se firmam certos compromissos eleitorais. Mas afirmar que houve mentira deliberada é acusação justicialista que carece de ser provada para não ser o próprio André Freire a contribuir para desligitimar as instituições democráticas.
Nada disto teria importância, contudo, se as afirmações do André fossem simples “achismos”, correntes nos nossos média. Não é o caso, porém, pois a entrevista é dada na qualidade de “politólogo e investigador”. Pois é, ele há dias…
Até breve André.