Qualificação: olhar para trás, para o lado e para a frente [2]
2. Olhar para o lado
Onde nos levou este progresso, notável? Para melhor porto do que aquele onde estávamos ancorados, é certo, mas nem por isso a um porto seguro para navegramos para o futuro. Na UE15 Portugal continua a ter uma percentagem elevadíssima de pessoas com 25 a 64 anos e baixo nível de escolarização (até 9 anos de escolarização): 79,4% em 2002, valor que compara com 58,4% em Espanha, 47,3% na Grécia, 39,7% na Irlanda e 34,9% na média da UE15.
Dir-se-á, e bem, que a última avaliação feita pela OCDE mostra que a expectativa de anos de escolarização de uma criança de 5 anos não é hoje muito diferente em Portugal e na generalidade dos países membros daquela organização. Mas mostra também que o número de anos de educação passados em educação formal pela população adulta (1) é o mais baixo de todos os países da educação, que (2) a performance em literacia matemática é a quarta pior dos 29 países analisados, muito embora, em (3) termos de empregabilidade, os resultados sejam excelentes, quer para os que completam o secundário, quer para os que concluem formações pós-secundárias não integradas no superior. O custo deste sistema, em termos de despesa pública, revela três factos preocupantes sobre Portugal para quem quer olhar para o futuro: (1) que a despesa pública com educação ainda está ligeiramente abaixo da média da OCDE; (2) que Portugal é o país que consagra a maior fatia dessa despesa à remuneração dos profissionais da educação; (3) que a relação entre o salário ganho por um professor do secundário a meio da sua carreira e o PIB per capita é o terceiro mais favorável aos professores do conjunto dos países estudados.