365 dias com serviços públicos
Segundo o Dia D, do Público de ontem (24/10), em 2006 trabalharemos 131 dias para o Estado: 12 de Maio será “o primeiro dia livre de impostos”.
Não o diz o Dia D, mas durante todo o ano de 2006 teremos acesso ao ensino público, utilizaremos as infra-estruturas públicas nas cidades e entre estas, seremos protegidos pelas polícias e bombeiros, poderemos ser assistidos na rede pública de saúde, receberemos, se for caso disso, as reformas do sistema público de segurança social ou o subsídio de desemprego, etc., etc. Tudo isto, durante 365 dias, com o contributo de 131 dias.
Na coluna do director, tentam consolar-nos argumentando que pior do que em Portugal só mesmo na Suécia, pois “os suecos passarão metade do ano a esforçar-se para sustentar a máquina pública”. Pobres suecos, como já o disse noutro texto! Há apenas um erro no argumento do senhor director. Sustentar a máquina pública não é pagar para nada, é sustentar as condições colectivas da vida de todos. E a maioria dos portugueses gostaria da troca: metade do seu rendimento pelos bens e serviços públicos suecos proporcionar-nos-iam uma muito melhor qualidade de vida.
Ou pensará João Cândido da Silva que não há qualquer relação entre a posição da Suécia no Índice de Desenvolvimento Humano (6.ª, contra a 27.ª de Portugal) e o seu nível de fiscalidade?