Os “candidatos bandidos”
Especialista em frases sonantes, Louça conseguiu colocar mais uma na linguagem mediática do momento: os “candidatos bandidos”. E logo se constituiu a pergunta: como é possível que a maioria dos “candidatos bandidos” tenha ganho nestas eleições? Se são bandidos…
Louça admite a derrota neste seu combate purificador, mas faria melhor em assumir também a sua quota-parte de responsabilidades. De facto, a primeira condição para a vitória desses candidatos foi a erosão da fronteira ética que os separa dos outros candidatos. Se os eleitores votam em candidatos considerados menos sérios não é porque premeiem a falta de seriedade mas porque, com o critério da seriedade, não os consideram diferentes dos outros candidatos. Já o disse e repito: o resultado das acusações cruzadas no plano moral, directa ou indirectamente feitas por cada um aos “outros” candidatos e partidos, culmina na percepção, pelos eleitores, de que “os políticos são todos iguais”, isto é, “são todos uns malandros”. Aqui chegados, sem distinção entre gente séria e menos séria, a força da demagogia e do populismo fazem o resto.
Por isso, no que ao combate político diz respeito, o modo de derrotar nas urnas os chamados “candidatos bandidos” é fazendo política de combate à demagogia, não cruzadas morais e justiceiras. Como, infelizmente, todos o fizeram, mas particularmente Louça e o BE.
E aqui encerro esta minha campanha dentro da campanha pelo regresso da política à acção política.