O Problema
Riqueza e crescimento na UE25
Nota: foram excluídos os 3 países da UE com menos de 1 milhão de habitantes (Chipre, Luxemburgo e Malta, para eliminar grandes desvios em relação à média).
Fonte: Eurostat.
No gráfico estão definidos quatro espaços. Comecemos pelo topo esquerdo e caminhemos no sentido dos ponteiros do relógio.
1. No quadrante superior esquerdo situam-se os países da UE com PIB per capita inferior à média da União Europeia (UE), mas com taxas de crescimento do PIB superiores à média. São os parentes pobres mas em vias de rápida ascensão (ou convergência, para utilizar um termo comum nos média). Estão neste patamar os novos estados-membros da Europa do Leste, bem como a Grécia e a Espanha. Esta última, aliás, já em vias de atravessar a fronteira que a separa do clube dos ricos.
2. No quadrante superior direito estão os países com PIB per capita elevado (superior à média) e elevadas taxas de crescimento do PIB (superiores à média da UE25). Destaque para a Irlanda, o mais rico do clube e o que mais continua a crescer, divergindo da média para melhor. De resto, estão aqui 4 dos países mais ricos da UE, os quais consolidam a sua posição graças a um crescimento médio anual do PIB, entre 2000 e 2004, na casa 2,5 a 3%: Finlândia, Reino Unido e Suécia. Na fronteira entre os ricos dinâmicos e os ricos em estagnação ou recessão relativa, a França.
3. No outro lado da fronteira, no quadrante inferior da direita, estão os países mais ricos mas com problemas de crescimento. Próximo da França estão Bélgica e Áustria; com taxas de crescimento ainda mais baixas, encontramos a Dinamarca, Itália, Alemanha e Países Baixos.
4. Por fim, no quadrante inferior da esquerda, só, está Portugal. Características da posição? Riqueza E crescimento inferiores à média da UE25. Pobre e a atrasar-se. Em risco de ser apanhado pelo carro-vassoura. Só, insisto.
5. Só, o que significa que precisa de soluções para os seus problemas diferentes das de outros países. Nomeadamente para o problema do défice, pois O PROBLEMA maior que hoje enfrentamos é o do desenvolvimento. A resolução de um não pode comprometer, irremediavelmente, o outro.
6. A equação é de difícil resolução, pelo que se desaconselha a demagogia das propostas simples e radicais. Comecemos antes pelo recenseamento de pistas de reflexão para a construção de uma alternativa eficaz. Refiro duas, hoje. A primeira, resulta da manifesta coincidência desta posição isolada de Portugal no campo do (sub)desenvolvimento económico com a posição isolada no campo educativo (ver “Exclusão escolar” ). A segunda, de uma das ilações da experiência irlandesa muito esquecida: o aprofundamento da integração no espaço económico do seu vizinho maior, o Reino Unido, como condição para obter ganhos de escala imediatos e acesso barato a infra-estruturas económicas de elevado custo. Quando tanto se discute os modos de garantir a autonomia em relação a Espanha, valia a pena começar a pensar ao contrário e perguntarmo-nos quanto ganharíamos em acelerar e aprofundar a nossa integração no espaço ibérico.