terça-feira, 15 de novembro de 2005

Reveladores sociais

Há medidas de política que têm um efeito de revelação da dimensão, amplitude e intensidade dos problemas que visam resolver. É este o caso das aulas de substituição.
Primeiro foi criticada a pretexto de que não havia docentes para as realizar, o que indicia que são muitas, isto é, que o problema dos alunos sem aulas atinge uma grande dimensão.
Depois, recebeu a crítica de que os professores apenas as poderiam concretizar com recurso a pagamentos extraordinários, o que mostra a necessidade de fixar com rigor o horário de trabalho dos docentes, para que não haja injustiças numa questão cara a qualquer trabalhador, como a da duração da sua jornada de trabalho.
A seguir, foi dito que os professores são colocados nessas aulas a fazer actividades não planeadas e não adequadas àquilo para que estão preparados, o que diz muito sobre a organização do trabalho dentro das escolas e, também, sobre as dificuldades do ponto de vista dos equipamentos e recursos pedagógicos.
Perante tudo isto, isto é, haver muitos alunos sem aulas, professores com horários de trabalho mal definidos, escolas não organizadas para responder a problemas escolares que nelas se geram, a saída só pode ser diminuir a necessidade desta resposta de recurso, diminuindo os tempos sem aulas e melhorar a qualidade da resposta.
Quem defende que se volte à situação anterior, em que os alunos sem aulas são abandonados dentro das escolas, também se revela e à sua preocupação com a comunidade escolar.