Os ventos iranianos
A opinião pública mundial não pode continuar despreocupada com a evolução da situação política do Irão.
Hoje é notícia uma afirmação gravissima do seu Presidente, negando o holocausto. Mas este é apenas mais um passo numa caminhada que se vem estendendo em todas as frentes e que está a tentar destruir a tímida abertura do regime nos últimos anos. E não se recorra a chavão do fundamentalismo para explicar o que se passa. Não me surpreenderá nada que o fim desta deriva populista tenha que resultar de uma aliança entre lideres religiosos e os sectores mais abertos da sociedade iraniana.
A alternativa é, ao que tudo indica, um Irão ingovernável (o Parlamento já recusou três Ministros do Petróleo ao Presidente) e aventureiro (como no caso do programa nuclear).
Talvez eu esteja pessimista, mas os ventos iranianos não anunciam nada de bom. Ainda para mais quando estamos perto de ter uma “democracia” segundo linhas religiosas, ao lado, no Iraque, governado por uma maioria shiita que terá que decidir como se relaciona com um vizinho que tenderá a tratar como aliado potencial, até para o tratamento das divisões internas.