Pena de morte
Noticia hoje (02/12/05) o Público que os Estados Unidos executaram o milésimo condenado à morte desde a reinstauração da pena de morte, há três décadas. Refere ainda a mesma notícia que “apesar de o número de execuções concretizadas estar a descer nos últimos anos, a pena de morte continua a ter o apoio da maioria dos norte-americanos”. Uma boa ilustração das razões por que as questões civilizacionais não devem ser referendadas.
E a pena de morte é uma questão civilizacional fundamental. Na prática, a sua possibilidade implica atribuir ao Estado o poder total de decidir sobre a vida ou a morte dos cidadãos. Transforma ainda a justiça em vingança e em dogma, fazendo apelo aos sentimentos mais primários, isto é, fazendo demagogia da mais perigosa porque se justificando fazendo “apelo às emoções da população, em detrimento do uso da lógica e da racionalidade”.
Temo, infelizmente, que tenhamos de nos submeter a um banho de demagogia sem limites quando (e se) a questão da descriminalização do aborto for tratada em referendo.