Se compensa!
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Adequação entre trabalho e curso, segundo a classificação,
entre os licenciados da Universidade de Lisboa entre 1999 e 2003
Fonte: Natália Alves (2005), Trajectórias Académicas e de Inserção Profissional dos Licenciados pela Universidade de Lisboa 1999-2003. Relatório do Inquérito Realizado em 2004, Lisboa, Reitoria da Universidade de Lisboa, pp-109-110
O estudo realizado por Natália Alves para a reitoria da Universidade de Lisboa sobre as trajectórias dos licenciados pela Universidade de Lisboa (1999-2003), agora publicado mas já aqui referido a propósito de declarações da autora em entrevista ao Público, constitui um útil instrumento de aferição de alguns dos mais perniciosos e elitistas mitos sobre o nosso sistema de ensino.
Em particular, demonstra-se facilmente com os dados divulgados nesse estudo que não fazem sentido as sistemáticas opiniões sobre uma radical inadequação entre a formação universitária em Portugal e as ofertas existentes no mercado de trabalho. Dos licenciados inquiridos, e como se vê no gráfico, 72% declaram trabalhar em emprego muito relacionado com o seu curso, 14% em emprego com alguma relação e outros 14% em emprego não relacionado com a sua formação universitária.
O gráfico revela também que quanto mais elevada é a classificação final de licenciatura obtida pelo aluno maior é adequação entre o emprego e o curso: entre os alunos com classificação de suficiente a adequação entre formação e emprego só acontece em 60% dos casos, subindo essa percentagem com a classificação até atingir o valor máximo de 82% para os alunos com classificação final de muito bom. Ou seja, compensa a formação do lado dos interesses colectivos já que há uma adequação em geral boa entre procura e oferta no campo das formações superiores presentes no mercado de trabalho. E compensa do ponto de vista individual já que o mérito tende a ser premiado com uma maior correspondência entre formação e emprego.
Por muito que Vasco Pulido Valente ache o contrário.