terça-feira, 14 de março de 2006

Imagine-se o que seria

Na sua última lição dominical, hoje republicada no DN, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se aos projectos de revisão estatutária das distritais do PSD e de Rui Gomes da Silva em termos pouco abonatórios. Marcelo criticou, e bem, a existência de inerências dos presidentes das distritais na comissão política e na comissão permanente, proposta pelos caciques locais. Mas criticou, da pior maneira, a existência de primárias para a escolha de candidatos autárquicos e parlamentares do PSD, proposta pelo ex-ministro de Santana Lopes. Naquele cinismo a que nos habituou (e que, infelizmente, nos formatou), Marcelo fala de cátedra: «Imagine-se o que seria, a meses das eleições, os militantes estarem entretidos a queimar nomes na praça pública» (como se a história das decisões das direcções partidárias fosse sempre uma história de lucidez política.) De facto, imagine-se o que seria termos candidatos escolhidos directamente por militantes e simpatizantes, como acontece nos Estados Unidos, na esquerda italiana e, em breve, em França. Imagine-se o que seria a democracia a funcionar melhor.
PS: Esta proposta, considerada «absurda» pelo professor Marcelo, tem sido defendida por gente que estuda estas coisas a sério. Por exemplo aqui.