Os pesos e as medidas
Pode “ir-se” ao Iraque, desestabilizando a região e enterrando-se num inferno para o qual já não parece existir qualquer boa saída, e não fazer nada “em casa”, quando as empresas norte-americanas colaboram activamente com as restrições da liberdade na República Popular da China? Pelos vistos, a administração Bush pode, como explicava recentemente Robert Reich:
“Microsoft, taking down blogs the Chinese government doesn’t like; Google, filtering out web sites the government wants blocked, with words in them like “democracy” and “human rights”; and worst of all, Yahoo turning over data leading to the arrest and imprisonment of Chinese dissidents who thought they were using anonymous Yahoo email accounts.”
É claro que se pode e se deve, antes de mais, condenar a atitude destas empresas, que ninguém obriga a ceder aos ditames do governo chinês. Mas também se pode não ser cínico e lembrar, como Reich, que, se o governo norte-americano quisesse “to make Chinese human rights a priority, it could pass a law tomorrow prohibiting American companies from helping the Chinese government trample on the free speech of its citizens. Such a law wouldn’t hurt the competitiveness of these companies because they’re preeminent in the world. If China wants to be part of the Internet age it has no choice but to allow in Cisco, Microsoft, Google, Yahoo, and other American firms — who could then tell the Chinese government they’re required by American law to respect the free speech of Chinese citizens. Otherwise, no deal.”
Fácil, não é? Mas, pelos vistos, é mais difícil actuar “em casa” para reagir com eficácia às desgraças provocadas pelo furacão Katrina ou para promover a liberdade no segundo maior mercado de internet do mundo do que enviar soldados para o Iraque, punir alguém acima de sargento por causa de Abu Grahib ou acabar com a ignomínia de Guantanamo, onde se mantêm pessoas presas sem o julgamento e as garantias de defesa que não lhes poderiam negar no território dos EUA. Que raio de critérios!