e tu, ministro, quanto é que ganhas?
Desde há uns tempos, todos os membros do governo, bem como os dirigentes partidários, passaram a ter de depositar uma declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, passando aquela a ser pública. A medida insere-se no processo de auto-fustigação em que a classe política se tem empenhado nos últimos anos, ajudando, pelo caminho, a consolidar a ideia sinistra de que todos os políticos são uns malandros, até prova em contrário. Como era de esperar, a publicitação dos rendimentos dos titulares de cargos políticos tem servido apenas para uma coisa: satisfazer a curiosidade tablóide. De tempos a tempos, ficamos a saber coisas relevantes como qual o automóvel de que é proprietário o Ministro da Agricultura ou onde fica exactamente o time-sharing do Ministro do Ambiente e respectiva mulher. Ninguém resiste a coscuvilhar. Hoje, foi o Público que deu à estampa mais uma destas notícias – só para leitor-pagador. Gostava de saber qual a razão que leva o jornal a informar-nos sobre o rendimento dos ministros no ano que passou. Se bem me parece, a informação é depositada para ser alvo de escrutínio público caso seja necessário e não para estes exercícios de populismo barato.