Minas anti-pessoais: nenhum fim justifica este meio
Foi conhecido hoje e está disponível aqui o relatório da Comissão Internacional para a Erradicação das Minas Terrestres.
As minas anti-pessoais são um meio inaceitável de prosseguimento de um conflito armado. Vitimam essencialmente civis e, dentro destes, os mais indefesos, nomeadamente as crianças. Ficam no terreno até serem pisadas e continuam a ser mortais muito tempo depois de terminados os conflitos em nome dos quais sugiram.
O relatório de 2006 tem algumas boas notícias. Há, nomeadamente, mais Estados e grupos armados não estatais comprometidos com o seu banimento.
Mas tem também algumas más, de que respiguei, numa rápida leitura dos factos fundamentais:
1. Os acidentes com minas antipessoais e as vítimas destas continuam a crescer;
2.Pelo menos 78 países são ainda afectados;
3. Pela primeira vez desde o início da campanha contra as minas anti-pessoais o financiamento desta desceu e principalmente por força da diminuição da contribuição dos EUA e da Comissão Europeia;
4. 13 países continuam a produzir minas anti-pessoais: Birmânia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, China, Cuba, Estados Unidos da AMérica, India, Irão, Nepal, Paquistão, Russia, Singapura e Vietname;
5. Pelo menos 3 governos (Birmânia, Nepal e Rússia) e grupos armados não estatais de 10 países continuam a recorrer a elas (Burundi, Burma, Colômbia, Guiné-Bissau, India, Iraque, Nepal, Paquistão, Russia (Chechenia) e Somalia).
A propósito de uma polémica recente em Portugal e tendo presente que nenhum fim justifica este meio, registe-se que no ano de 2006 a Frente Polisário e o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) renunciaram ao uso das minas antipessais enquanto que na Colômbia, onde há insurgência armada e grupos paramilitares, as FARC são "o mais prolífero utilizador de minas anti-pessoais" e sua última posição conhecida, datada de Janeiro de 2005, é de defesa da legitimidade do seu uso. Cada um toma em relação a estes métodos as distâncias que entende.