Depois queixem-se
Só para citar dois exemplos: no espaço de uma semana, estiveram em Portugal, Paul Krugman e Howard Dean, duas personalidades que, independentemente das simpatias ideológicas que possamos ou não partilhar, teriam certamente algo de interessante para dizer. Que me tenha apercebido, para além de uma entrevista escondida do primeiro no Jornal de Negócios, nenhum meio de comunicação português achou por bem entrevistá-los. Não há dúvida que é sempre preferível ouvir pela enésima vez as inanidades do doutor Menezes ou, em versão pretensamente mais sofisticada, o doutor Morais Sarmento armado em estadista ou, ainda, mais uma entrevista de fundo de um qualquer político feito dirigente desportivo (ou vice-versa). A culpa da degradação do debate público em Portugal não é apenas dos actores políticos, é também da comunicação social que prefere cavalgar a degradação para melhor a poder apontar. Depois queixem-se.