quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

E que tal voltar à Terra em 2006?





















O acordo de concertação social sobre a actualização do salário mínimo (bem acima das expectativas mais pessimistas de inflação e, coisa rara - mas ainda mais rara em acordos sobre rendimentos - para vigorar durante vários anos e com o acordo de todos os parceiros sociais, incluindo a CGTP) ocupou no Público, a cinzento, 10 cm2 do canto inferior esquerdo da capa.
Por cima, em 338 cm2 (mais de 30 vezes mais), a negro e a toda a largura da primeira página, o mesmo jornal – que compro há muitos anos – anunciava algo muito mais importante:

"A Nasa quer (sic) base permanente na lua em 2024".

A ilustrar este furo, desenhos adequados: em cenário lunar, uns veículos espaciais e uns bonequinhos que podiam ter saído dos melhores tempos da playmobil.
Vale, aliás, a pena ler a notícia, porque percebemos que o que estará na sua base é que a NASA divulgou “os resultados de um estudo” e “quer sugestões sobre a forma como ir até lá”. Como se lê no título do texto, “ a Terra discute como voltar à lua”, daqui por uns 18 anos. É, sem dúvida, uma boa discussão; entretanto, porém, talvez fosse ainda melhor discutirmos como regressar à realidade.
O que dizer? Serão certamente “critérios jornalísticos”. O mínimo que devemos fazer é questioná-los.