quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

E o rigor? Prejudicaria o sindicalismo do ensino superior?

Que os professores do ensino superior deveriam ter protecção social no desemprego, acesso a mais e melhor formação profissional, não me oferece qualquer dúvida. Que seria inaceitável tornar possível despedir professores no ensino superior público sem que seja garantida uma protecção social decente no desemprego também me parece óbvio.
Que o mundo de diferenças que separa o ensino superior público do ensino superior privado mostra, há muitos anos, que, em média, é no segundo e não no primeiro que se encontram as piores condições de trabalho e a maior desprotecção social, é outro facto que julgo dificilmente questionável.
E se há mais exemplos da segmentação dos mercados de trabalho, tal não significa que o ensino superior não seja um deles nem torna aceitável a falta de rigor e a ligeireza com que um dirigente sindical do ensino superior trata da questão – séria –num artigo de opinião publicado pelo Público de hoje.
Por todas estas razões, é profundamente lamentável que um dirigente sindical com formação superior em sociologia use uma pergunta, que ele próprio classifica de retórica, feita por um ministro num discurso público para afirmar que nada distingue as estratégias de flexigurança e de desregulamentação dos mercados de trabalho. Basta ler o discurso do Ministro para se perceber até que ponto pode descer o nível da argumentação de quem o citou abusivamente. Mas também também existe literatura científica sobre a matéria, alguma dela acessível na net. E há sempre a possibilidade de ler as publicações da OCDE e da UE que tratam da questão e que, mesmo que delas se discorde, tratam a questão com outro rigor.