sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

L.C.



Muitas das músicas de que gostava muito continuo a gostar delas por nostalgia, por conseguir ouvir hoje o que nelas ouvia no passado. Há outras que ouvia e continuo a descobrir com um prazer novo. Por casa, sou “acusado” de estar sempre a ouvir os Durutti Column (no que não vejo nada de nostálgico) e, tamanha heresia, sou fã do Vini Reilly a “cantar”. Não sei se isto diz algo de errado sobre mim enquanto encarregado de educação, mas o meu filho já gosta e arrisca uma improvável dança quando ouve o Sketch for Summer. No fundo, uma utopia situacionista de trazer por casa.
A versão ao vivo da Jacqueline que aqui se vê (de 1988) é superior à versão mais curta do LC (ou da LC). Aliás, o tema sempre ganhou em versões ao vivo, com o solo do Bruce Mitchell (tão impressionante como a sua expressividade) a criar o contexto certo para que a guitarra volte a cair no tema.
Sobre os Durutti Column, o Miguel Esteves Cardoso escreveu: “esta música não é uma coisa prosaica e ingénua; não é papel-de-parede para tapar os buracos verdadeiros. Aqui há também uma luta. O que é preciso é raspar levemente a superfície da pintura, para encontrar a sua base de tintas negras e feias, o seu medonho inconsciente. Não há beleza sem contraponto, nem harmonia sem contraste. E a música de Vini Reilly é só isso.” É mesmo isso.