Prodígios e vertigens da indeterminação conceptual - e da manipulação pura
Para registo: eis algumas frases da entrevista ao Expresso de Boyden Gray, embaixador dos EUA na União Europeia.
"Há esterótipos a corrigir, Guantánamo é um sítio civilizado".
"Em relação a Guantánamo, não trabalhámos tão bem como devíamos para explicar (aos europeus) o que estávamos a fazer, nem mencionámos que as condições ali são bastante boas".
"Não estamos a torturar pessoas, ao contrário da impressão que foi dada, nem mantemos aquelas pessoas ali inutilmente".
"Não podemos enviar muitos dos detidos para os países de origem porque as ONG denunciam riscos de tortura - e os (países) europeus também não os aceitam".
"O que está em causa é, principalmente, explicar as coisas melhor. Temos de ser mais abertos em relação ao que estamos a fazer".
"A presidente do Senado belga visitou Guantánamo e disse que as condições eram melhores do que em muitas prisões do seu país. Temos de fazer passar melhor esta mensagem".
As frases quase falam por si. Mas o mínimo que se pode dizer é que é assustadora esta linha discursiva acerca de Guantánamo. Indeterminação conceptual, certamente. Mas "wording" é pouco para descrever com exactidão o que está em causa: negacionismo radical e manipulação pura está mais de acordo com a realidade, não de um indivíduo em nome próprio mas do embaixador dos Estados Unidos na Europa.