quinta-feira, 3 de abril de 2008

Imigração, desenvolvimento e governação da globalização

1. Os países europeus foram já classificados como “países de imigração relutantes”. No debate europeu sobre imigração é por isso frequente a procura de todos os bons argumentos para travar a imigração. O mais comum passa por responsabilizar o subdesenvolvimento pelas migrações e, no passo lógico seguinte, propor como fórmula para a redução do volume da imigração o apoio ao desenvolvimento dos países de origem dos migrantes.
Há muito que quem estuda os fenómenos migratórios sabe que esta caracterização da relação entre migrações e desenvolvimento é incorrecta. Num texto recente, intitulado Migration Policies and the Millennium Development Goals, Ronald Skeldon esclarece em termos claros o sentido, positivo e não negativo, daquela relação:

…the real impact of migration on development — and of development on migration — is still poorly understood. Certain things do appear clear: migration can help to reduce poverty; immobile populations reflect stagnant economies and generally poor populations; while the poor do move, the poorest generally move less frequently and over shorter distances than wealthier groups. // However, whether policy intervention can influence migration in a way that can bring about development is not so clear. What can be said with some degree of confidence from the available evidence is that migration and development are positively correlated: that is, as levels of development rise, the volume of migration also rises. Hence, any idea that by promoting development in areas of origin the amount of out-migration will cease is misplaced. Over the longer term, as fertility declines, the volume of migration may slow; but over the short term, as levels of welfare and prosperity rise, migration also tends to increase. While development is therefore clearly a driver of migration, whether migration can be a driver of development is not so apparent.

2. O texto de Skeldon é uma das comunicações à Progressive Governance Conference 2008. An Inclusive Globalisation: Promoting Prosperity for All, promovida pela Policy Network que estão disponíveis na página deste think-tank social-democrata. A conferência realiza-se em Londres amanhã, 4 de Abril, e as suas sessões plenárias podem ser seguidas em directo pela Net (use o link da conferência). De entre as outras comunicações disponibilizadas naquela página em formato PDF, destaque ainda para as de David Held (Global Challenges: Accountability and Effectiveness) e de Ngaire Woods (From Intervention to Cooperation: Reforming the IMF and World Bank) sobre a necessidade e as possibilidades de reforma das instituições internacionais como condição para a regulação da globalização.