quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Salários e emprego

1. António Borges, o ideólogo de serviço dos neoliberais nacionais, decidiu alertar-nos para os riscos de subida do desemprego em consequência do aumento anunciado do salário mínimo em Portugal. A razão? Salários um pouco mais altos na base prejudicariam a competitividade das empresas e, portanto, o crescimento económico, crescimento este responsável pela geração de mais emprego.

2. Em contraponto, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) concluía, no World of Work Report 2008: Income Inequalities in the Age of Financial Globalization: “No clear link between income inequality and employment growth” (p. 117). E justificava: “Policy makers may be concerned that, by limiting income inequality, employment performance may worsen. But if employment growth is plotted against changes in income inequality since the early 1990s, there is no apparent relationship between the two (fig. 4.1). In other words, it is not the case that more (or less) employment growth is necessarily associated with more (or less) income inequality.


Figura: variações na relação rendimentos/emprego

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Fonte: Organização Internacional do Trabalho, World of Work Report 2008: Income Inequalities in the Age of Financial Globalization, p. 17


3. Dir-se-á: António Borges não falou em desigualdade de rendimentos, apenas na contenção do salário mínimo. Porém, não argumentando a favor da redução, ou mesmo contenção, dos salários mais elevados, a defesa da manutenção em baixa do salário mínimo é a defesa da persistência, ou mesmo do agravamento, das desigualdades de rendimento existentes. As novas preocupações sociais do novo PSD arriscam-se a não ser mais do que as velhas orientações assistencialistas do velho conservadorismo.