The show goes on
A OIT acaba de tornar público o seu relatório anual sobre o mundo do trabalho. Merece uma leitura e uma reflexão séria.
Para já, quedemo-nos num tema de actualidade: a desigualdade de rendimentos dentro das 15 maiores empresas americanas.
Em vésperas da grande crise, o fosso entre os rendimentos de dirigentes e trabalhadores não parou de crescer. Entre 2003 e 2007, os salários dos CEO depois de ajustados à inflação, ou seja os salários reais, cresceram 9,7% ao ano enquanto os da média dos executivos crescia 3,5% e os da média dos trabalhadores apenas 0,7%. Em consequência o rácio entre os salários dos CEO e dos trabalhadores cresceu significativamente, de 369 para 521 (ver gráficos abaixo).
A quebra de coesão que estas dados mostram é uma das características da evolução das disparidades salariais e, consequentemente, das disparidades de rendimento nas economias avançadas.
Ela ajuda, por outro lado, a perceber porque os executivos de várias das empresas falidas em Wall Street, que sobrevivem agora com o apoio do Estado, não acham necessário inibir-se de momentos de convívio faustosos nem pensam diminuir os salários milionários que auferem.
A ética social será possível no capitalismo? Provavelmente, mas com instituições diferentes das que os EUA e os países que os seguem desenvolveram.