Como destruir a democracia
1. Entre outros meios, com a generalização da corrupção, como se sabe.
2. Mas também com a denúncia demagógica de que “o regime se tornou numa enorme rede de corrupção” e a imputação da exclusividade da coisa aos partidos. À Vasco Pulido Valente (VPV), portanto.
3. Com aquele toque de insuportável snobismo de classe a que nos habituou, VPV retrata no Público o que chama “a carreira de um corrupto”. Que começaria tipicamente, afirma VPV, pela inscrição num partido (PS ou PSD). Afirmação que carece de prova, prática substituída nos escritos de VPV pela repetição da mesma acusação tantas vezes quantas as necessárias para a sua naturalização.
4. Quando o assunto em causa é o da corrupção, uma das mais irritantes práticas a que nos habituou o ambiente mediático em que vivemos foi a da estigmatização dos partidos como álibi para todos os restantes actores com intervenção na esfera política. A começar pelos média. Outra prática irritante é a sistemática suspeita de que a mobilidade social estará ligada à corrupção, crime de que estariam magicamente afastados os bafejados pela lotaria social do nascimento. Também com dispensa de prova, jogando-se agora com o preconceito e a inveja como mecanismos de naturalização da suspeita.
5. A permanente manifestação pública de nojo pelos partidos e a sistemática caracterização destes como máquinas de corrupção ameaçam de morte a democracia, pois afastam os cidadãos da prática institucionalizada da política. E fazem, assim, de VPV um inimigo declarado da democracia.