Unidades de medida
É difícil ler, interpretar e comparar números muito grandes. Por isso mudamos de unidade de medida quando, por exemplo, nos referimos a distâncias astronómicas, e usamos o ano-luz.
Num plano mais terreno, quando se comparam rendimentos é possível, em geral, usar as unidades monetárias correntes. Por exemplo, segundo o Observatoire des Inégalités, os rendimentos das famílias francesas variam, em função da categoria social, entre mais de 6.000 euros líquidos no caso das profissões liberais e 1.500 a 2.000 euros para as categorias populares.
O problema é quando se passa para os rendimentos mais elevados. Aí temos, também, que mudar de unidade de medida. Por exemplo, segundo aquele mesmo observatório, Thierry Henry ganha mais de 14.000.000 de euros por ano, ou seja, o equivalente a 1.183 salários mínimos nacionais franceses. A nova unidade, salário mínimo nacional, cumpre aqui o mesmo objectivo da unidade ano-luz: torna legíveis diferenças astronómicas.
Para o caso português, o António Dornelas já fez aqui no Canhoto contas semelhantes e concluiu que, em 2006, o salário médio de um administrador executivo do BCP equivalia a 667 salários mínimos nacionais.
O outro lado da desigualdade (o topo) também precisa da atenção das políticas.